Título desconhecido porque às vezes é impossível nomear tudo.
Quando eu era criança, eu pensava que meu propósito de vida era criar memórias até que a minha alma encontrasse quem ela procurava.
Quando encontrei, eu já havia criado memórias demais pra aguentar sozinha e o amor já não possuía mais o mesmo significado.
O amor era e ainda é algo confuso e incerto, mas depois de ver o seu sorriso, eu senti que você era a escolha mais certa que eu havia feito.
Até que você foi embora e eu percebi que na verdade você nunca foi uma escolha, você foi só mais uma pessoa que o destino colocou na minha frente e me proporcionou uma falsa esperança de pertencimento, de que eu finalmente tinha encontrado a pessoa certa, de que eu estava em casa.
Só mais um alguém que passou pelos cômodos do meu corpo, bagunçando pouco a pouco, abrindo todas as portas possíveis até encontrar meu coração. E foi lá que você fez a maior bagunça de todas.
Agora já não sei mais se você realmente foi mesmo a melhor escolha que eu fiz.
O amor não deveria doer tanto.
Talvez você nem mesmo tenha sido escolha. Talvez você só tenha sido alguém que, em algum momento da minha vida, se tornou interessante o suficiente para que eu usasse meu tempo tentando te desvendar.
Sabe qual a coisa mais triste do amor? É você ter que esquecer/abandonar/enterrar bem no vazio da sua alma todas as lembranças e tudo aquilo que você conheceu sobre alguém. É tornar quem já foi luz em uma sombra desconhecida que vaga pelos cômodos do meu corpo e me obriga a aguentar o fardo de que eu já não te conheço mais.
Algo bem irônico que eu aprendi em todos esses anos tomando chá da tarde com o amor foi de que quando perdemos alguém querido acabamos acreditando em qualquer coisa, por exemplo, céu, alma, reencarnação e divindades que antes nem faziam sentido.
Essa é a graça do amor, atravessar crenças o suficiente para te fazer alucinar e acreditar em tudo aquilo sem sentido.
Antes do amor eu não acreditava em nada, mas agora eu acredito em tudo aquilo que de alguma maneira signifique algo pra mim. Não acredito em nada que diga que você vai voltar, porque eu já troquei a fechadura de todas as portas do meu ser e a única pessoa que realmente deve entrar em mim sou eu mesma.
Não preciso esquecer memórias e lembranças de ninguém, porque agora eu crio memórias de mim mesma.
tocou bem no fundo, tô impressionada.
ResponderExcluirseus textos são maravilhosos!
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