Já não me parece tão bom assim.

 Eu vivo todos os dias entre romances, todos eles diferentes e nenhum deles é meu.

Nenhum deles nunca foi meu.

Cresci acostumado à ler os romances escritos no papel, mentiras belíssimas que mesmo após tanto me machucar, ainda me fazem sentir uma euforia incomum por um sentimento que não acontece na vida real.

Ultimamente percebi que eu estou cansado de esperar pacientemente por alguém que nunca vai chegar.

Por que continuar aqui, parado, deslocado, totalmente apaixonado por um talvez desconhecido?

Me apaixono por beijos de novela, atores de TV, danças na chuva e o pôr do sol dos livros.

Me perco imaginando cada mísera troca de olhares, cada sorriso escondido, cada abraço carinhoso e cada coração acelerado.

São tantos os cenários para o amor que me assusta o fato de que eu nunca vou ser protagonista de nenhum deles.

Meus amores passados, acabados, já não me parecem tão bons assim. Nenhum deles tem gosto de nada além do amargo ardor de um coração partido.

Alguns amores não tem final feliz e isso me incomoda.

Como pode o amor ser difícil assim? Como pode haver dificuldade em dialogar sendo que fazemos isso toda hora, o tempo inteiro, cada minuto? Como pode haver o medo de dizer que se ama alguém só porque outra pessoa não tem a mesma visão do amor? Como pode alguém simplesmente deixar o amor de lado?

Na minha Utopia todos os amantes são protegidos em salas da eternidade.

E eu espero que eles me ensinem como eu faço para encontrar a minha incógnita.

As vezes penso em onde deve estar o próximo alguém. Eu não penso em quem poderia ser - mesmo eu torcendo para que seja o Mokyo, o Christopher ou o Ian -, mas penso em quais circunstância essa pessoa está. Será que está apaixonada? Será que anda cantando as músicas da Taylor Swift no banho? O que será que essa pessoa comeu hoje?

É surreal para mim gostar de alguém. 

É totalmente surreal perder a noção do próprio corpo, da própria mente, dos próprios sentidos. Me parece absurdo perder o controle sobre quem eu sou por conta de um alguém que anteriormente nem ao menos fazia parte da minha vida.

Algumas existências fogem da nossa compreensão.


créditos da imagem: https://br.pinterest.com/saracr00/

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